Lou Reed se foi... A notícia
chegou para mim na Folha de São Paulo que ilustrou a morte do músico em
manchete de capa. Primeiro, achei inacreditável. Depois, continuei a achar
inacreditável. Pareceu-me irreal... Mas era real até demais.
Lou Reed foi um verdadeiro
outsider do rock and roll, um existencialista, um performer, um rocker nato (na
medida da rebeldia e transgressão e não na banalidade do rockstar tosco). De seus tempos de Velvet Underground, banda
seminal que criou o rock alternativo (e milhares de bandas copiariam sua
estética/temática desde os tempos imemoriais,ou podemos dizer,desde os anos
80), até sua carreira solo; Reed sempre esteve na contra-mão do comércio
insosso que tomou grande parte do estilo musical que faz moleques e coroas
agitarem pelo mundo afora – o rock and roll – e escreveu sobre a vida em seu
sentido mais fatídico: a barra pesada das ruas, as drogas, o submundo, os
desiludidos, os perdidos, aqueles que nem mais voz tinham... Não serei ingênuo
de escrever que Reed queria ser a “voz dos sem voz”, mas ele “pintou” um
retrato destas pessoas em suas músicas.
Arrisco a dizer que ele era o Rimboud do rock, sem exageros ou eufemismos...
Rude, verídico e virulento na medida certa, este senhor que faleceu no dia 27
de outubro aos 71 anos fará falta ao mundo do rock and roll. A honestidade e a
crueza das suas músicas (anti)pop que destilam vivências humanas e febris
estarão gravadas nos corações, almas e mentes de gerações, além dos discos
que ele deixou. Mas faltará algo... a presença física, e quanto a isso não há o
que fazer. Talvez ouvir a música e sentir a presença. Talvez isso baste.
Talvez.
Por Vitor Reis
Nenhum comentário:
Postar um comentário