domingo, 22 de fevereiro de 2015

RIOT GRRRLS: AS GUERREIRAS DO PUNK ROCK/HARDCORE!

Por Vitor Reis - Editor do Decibéis Alternativos Blog

O movimento Riot Grrrl surgiu nos anos 90 como uma proposta de engajamento politico de garotas dentro da cena Punk Rock/HardCore e do rock alternativo, desde sempre dominada por homens. Não dá pra negar que a sonoridade do HardCore é agressiva e por vezes, violenta - dentro de suas temáticas politicas e de vivências cotidianas - o que fez deste gênero musical ser quase apenas um nicho masculino. Obviamente, existem exceções, e dentre elas posso citar que nos primeiros anos do movimento punk, garotas como Siouxie Sioux e Deborah Harry eram vocalistas de suas respectivas bandas. Já nos anos 80, Kira Roessler assumiu o contrabaixo do Black Flag de Henry Rollins. Porém, pediu demissão por divergências envolvendo o "machismo predominante" na banda, segundo ela relatou no documentário "American Hardcore". Kira disse que não havia sentido ela "estar em uma banda que odiavam as mulheres(sic)."
Desta mesma época, no Brasil, as Mercenárias são o exemplo mais latente de bandas envolvendo mulheres e, um pouco mais tarde, nos anos 90;  Dominatrix, Toxoplasmose e Bulimia entre outras estariam levando a bandeira das feministas do underground, se posso me expressar assim.

Kira Roessler do Black Flag - A primeira Riot Grrrl ??

DOMINATRIX

L7

Mas e o movimento Riot Girrrl ? Como escrevi antes, ele surgiu nos anos 90 através do ativismo politico e artístico de mulheres como Kathleen Hanna (Bikini Kill), Kim Gordon(Sonic Youth), Kim Deal (The Breeders) e todas as garotas do L7, entre outras bandas e grupos/coletivos.
E o que elas queriam ? Uma vez que o Punk Rock tem por base ideológica a manifestação de idéias e de questionamentos sobre as questões políticas que envolvem as pessoas, estas meninas queriam lutar pelos seus direitos. Direito de ter igualdade perante ao homem, de defender sua liberdade sexual, de não se submeter diante ao machismo, do anti-sexismo (logicamente) e também de viver a vida por suas convicções. Nada mais coerente do que esta cena nascer das entranhas do hardcore, uma vez que a maioria dos elementos libertários da música radical está envolvida com a cena H.C., ou pelo menos deveria estar.
E o movimento, que traz angustias e esperanças destas mulheres, se espalhou pelo globo. Dos E.U.A até o Brasil, passando pelas Pussy Riots da Russia, as Riot Grrrls estão provando que além de existirem, ainda resistem por seus ideias !!

COLETÂNEA "MORE MUSIC LESS MACHO"
Provando  que a cena Riot Grrrl está mais viva do que nunca - e provocando os machistas de plantão - um coletivo de garotas da Alemanha resolveu lançar a Coletânea  "More Music Less Macho", com o objetivo de divulgar as bandas atuais. E o melhor é que o download é gratuito !!
Esta compilação traz bandas bem distintas entre sí, e posso destacar o som ambiente de Abstract Random e o punk quase gótico da banda Baby Fire. Porém, meu maior destaque vai para as paulistas do Anti-Corpos e seu hardcore simples, gritado e de fazer a roda de pogo pegar fogo. No mais, são mais de 40 músicas divididas em 2 downloads. Não poderia deixar de comentar o grande cover das Ramonas para "Blitzkrieg Bop" dos quatro cabeludos punks do Queens. Não perca tempo e faça o download !!!







domingo, 8 de fevereiro de 2015

POLÍTICA DO COTIDIANO: É POSSÍVEL ?

Por Vitor Reis - Editor do Decibeis Alternativos Blog

Quem, hoje em dia, não se indigna com as manchetes dos jornais relacionadas à politica? Quem não sente-se enojado, ou até mesmo, revoltado - e revolta NÃO é algo ruim, dependendo de como "se revolta" - com os casos de corrupção, favorecimento financeiro à grupos específicos, propinas, peculatos, enfim... são demasiados os fatos que nos chegam aos olhos e ouvidos diariamente, corroborando com a ideia da falência do sistema politico-partidário e seu modo-operandi.
Mas... quem faz algo para mudar isso ??? Ultimamente, esta é uma pergunta que não me sai da cabeça !
Seja nas ruas, nos bares, nos ponto de ônibus, e principalmente, nas redes sociais, as palavras de ordem e de indignação estão sempre presentes, como uma música que gruda na cabeça, como um bordão de comediante, que nos faz rir, até desmascarar a tragédia a que nos encontramos: uma sociedade que se encontra com  demasiados problemas de ordem social e econômica, além da ecológica (água, energia, desmatamento,etc) que coloca uma importante questão a se pensar: Até quando ? Até quando suportaremos tudo o que é empurrado de cima para baixo, falindo nossa "jovem democracia" e cimentando o jazigo de nossa esperança?
 Muitos vão dizer que: 
-  "Esperança ? !? Já não há isso para nosso país"... 
Se encontram descrentes de que se possa ser feito algo a mais, de que um dia a situação que nos encontramos possa mudar, descrentes de que o amanha pode ser melhor que hoje...
Outros dirão:
- "Em nossas mãos está nosso destino!"*
Certa dose de otimismo,talvez ingenuidade, que reflete em uma voz ativa contra as mazelas que presenciamos.
Pois bem !!  São posicionamentos diante das questões que estou escrevendo aqui. E que, cada vez mais, como relatei acima, estão nas ruas e também na internet. E mais uma vez pergunto:
Quem faz algo para mudar esta situação?
Este é  meu maior questionamento, decerto angustiante, quanto as centenas de posts que vejo diariamente na internet ou as dezenas de comentários que escuto nas ruas. Porque, como diz meu velho pai: - "falar é muito fácil" e escrever, como estou fazendo, também. Mas deve haver algum antidoto para todo esse marasmo politico e este falatório indiscriminado - para que realmente haja um objetivo concreto - e que possa ser realizado,pois toda teoria necessita de uma práxis para que possa ser útil aos nossos desejos e anseios.
E a política está muito além do voto. Ela é presente em nossa vida cotidiana, em nossas casas, em nossa comunidade, no trabalho, nas relações com os amigos e com as pessoas em geral. Ela é partidária, mas também é cotidiana, pois o próprio ato de nos comunicarmos e nos portarmos "desda ou daquela maneira" já é um fator politico. E politizante. E também deve pertencer ao povo. Noam Chomsky, renomado linguista e escritor, diz em seu livro "Para Entender o Poder",em respeito das mudanças ocorridas na America do Norte, nos anos 60, que: "(...) Os verdadeiros agentes de mudanças eram pessoas trabalhando nas camadas populares, como ativistas (...)."


Ou seja: A politica também pode ser feita por pessoas simples, que estão nas ruas, as mesmas que comentam todos os fatos que as indignam, mas com um diferença: Sabem sair das amarras das quais estão inertes, ao qual só a boca fala - e os dedos teclam - e tudo termina. Satisfação pela palavra. A psicanalise explica...
Mas a questão é: Como nos movimentamos ? Como sair do "Mito da Caverna Platônico" ao qual estamos inseridos ?? E mais importante... Desejamos isso ? Ou basta a próxima festa para nossa inércia - ou pior - nossa entropia social nos bastar ?
Rosa Luxembrugo, a revolucionária polonesa assassinada por seguidores de Adolph Hitler, dizia: -"Quem não se movimenta não sente as correntes que o prendem!".
Acho esta frase muito oportuna para o que estou escrevendo, uma vez que a "entropia social" a que estamos presos apenas se rende a alguns posts de internet e consciência tranquila. E creio que seja esta a equação para o equilíbrio e a iniciação da nossa politica cotidiana. A consciência de que estamos "presos" à um sistema que gera miserabilidade, corrupção e alienação, e a tentativa de superação desta situação, bem como o foco no desejo de compreender a situação ao qual chegamos - e novamente - superá-la.
Enfim... para se fazer politica do cotidiano, há a necessidade de se entender como agente politico. Para isso, não basta apenas votar de quatro em quatro anos. Existe mais a ser feito. Grêmios estudantis, Conselhos Populares, Movimentos Sociais, ONGs e suas diversas causas, Conselhos Comunitários e de direitos das Crianças, Adolescentes e Idosos, bem como a participação ativa em manifestações são alguns tipos de modo-operandi que possuímos para realizar nossa práxis politica. Isso demanda trabalho, estudo, organização, consciência de classe e também amor, para que nossa nação possa sair desta situação a que chegou. E, mesmo que eu esteja sendo impertinente, pergunto:
Você quer quebrar as correntes ?