domingo, 10 de novembro de 2013

ANARCO-PUNK: REVOLUÇÃO DENTRO DA REVOLUÇÃO

Por: Vitor Reis

(ANTI) GÊNESE:



As origens do movimento anarco-punk não são tão claras quanto ao estrondo músico-comportamental que varreu o planeta em 1977 denominado movimento punk. Talvez por que a sua gênese foi se formando em bandas que pertenceriam a 2° geração do punk e que denominariam HardCore, não só pelo fato de se diferenciarem da 1° geração mas pelo apelo estético, político e visceral deste.
Porém, se não é fácil datar o início deste movimento fundamental para a continuação da tão falada "cultura punk", pode-se conclamar que bandas como CRASS e Millions Of Dead Cops (M.D.C.), sendo a primeira britânica e a segunda norte-americana, são as mais antigas e propagadoras deste subgênero músical. A relação desta paternidade é clara: Músicas rápidas, barulhentas e de alto teor questionador, no sentido político da coisa. Mas que estavam além disso, uma vez que as próprias bandas se denominavam anarquistas, não pelo puro belprazer de chocar a sociedade, mas por uma alternativa de re-construção desta, se posso colocar nestes termos. 
Um exemplo disso é o fato dos mebros do CRASS viverem em uma comunidade alternativa auto-gestionária(onde alguns deles vivem até hoje !!). Ora, puristas dirão que vivem iguais aos hippies... Mas o hiato de gerações não quer dizer que não comunguem de certas opiniões e hábitos. O M.D.C. apoiava (e ainda apoia) organizações anarquistas nos E.U.A. e do resto do planeta. Nos encartes dos discos fica claro este apoio mútuo.

M.D.C.

CRASS


2° GERAÇÃO DO PUNK( ANOS 80 E A CONTINUAÇÃO DA CONTRA-CONTRA-CULTURA)

Os anos 80 se iniciam como uma década perpassada pela austeridade política e governamental, uma vez que Ronald Reagan e Margareth Tatcher acendem a vela do bolo neoliberal e conservador sendo aceitos de bom grado por políticos militares da estirpe de João Fugueiredo no Brasil. 
Como o punk é uma alternativa (anti)política, mas muito politizadora, a 2° geração do moviemento capitaneada por bandas como CONFLICT, DISCHARGE, DOOM, THE VARUKERS, REAGAN YOUTH, KAAOS; EXECRADORES, PÓS GUERRA, LIXO URBANO e METROPOLIXO são as mais evidentes do Brasil, cada qual usando a arte para simbolizar aquilo que acreditavam: Anarquismo, socialismo libertário, pacifismo, "guerra de classes", ação direta. 
É interessante notar que aqui surge uma cosncientização de nível mais global, onde a participação em diversos grupos de cunho político e ecológico fazem frente contra o neoliberalismo.

DISCHARGE

MODO OPERANDI:

As lições deixadas pelos anarqusitas do passado como Mikhail Bakunin e Errico Malatesta foram bem aprendidas pelos anarco-punks, no que tange ao modo de ação destes. Assim, a ação direta, manifestações, elaboração de periódicos ácratas, autogestão, entre outros fatores anárquicos foram fundamentais na contrução ideológica e de base deste movimento. 
O apoio a causas das "minorias" também possuem um grande destaque, uma vez que a anti-homofobia, o anti-racismo, anti-machismo, apoio a causas ecológicas, veganismo, crítica do Capital em suas múltiplas formas de dominação, enfim: uma nova alternativa ao que solapa os seres humanos.

ANARCO-PUNK EM TERRAS BRASILIS:

Uma vez que o movimento punk chega ao Brasil em S.P. no final da década de 70 e cria adeptos de sua estética corpotamental e musical, nada mais justo do que encontrar também sujeitos que se identifiquel com os princípios anarquistas e com os três acordes que são libertadores da segregação musical. 
Será no início dos anos 90 que grupos ligados às Juventudes Libertárias e Uniões Libertárias que se organizam de modo horizontal e ácrata que estes primeiros indícios de anarco-punk serão vistos(e ouvidos) no país. O Coletivo Altruísta lançaria em 1993 a D.T. Muito Além do Barulho com as bandas METROPOLIXO, EXECRADORES, DESERTOR E ATITUDE CONSCIENTE, sendo o primeiro registro de bandas anarco-punks, que pelo menos se tem notícia. Logicamente, outros grupos surgiriam como PÓS-GUERRA(Com vocal femnino), LIXO URBANO, MISANTROPIA, entre tantas outras que seriam lançadas no L.P. Cenas Anarco-Punks, um registro histórico do moviemento no Brasil,datado de 1995.



TACHAS, ARREBITES E PÃO DE QUEIJO: ANARCO-PUNK EM MINAS GERAIS

Quem é mineiro sabe que Minas Gerais é terra de Milton nascimento e do Clube da Esquina. Mas também é terra de indivíduos tão questionadores quanto estes(cada qual em sua medida de inconformação). Por isso o moviemento anarco-punk não passaria despercebido. 
Em 1992 tive contato com a cultura punk e já fazia parte do movimento.Mas foi em 1994 que junto á alguns amigos formamos dentro da saudosa União Libertária do Sul de Minas Gerais (ULSMG) um grupo de indivíduos que se intitulavam punks e anarquistas, que se denominou M.A.P., ou seja, Movimento Anarco-Punk. Editávamos fanzines (meu aperiódico que fundei em 1993 se chamava "Sem Autoridade") e haviam bandas como ÓDIO REVOLTA, de Milo So,  Robert e Rodolfo, da cidade de Lavras; PROTESTO SUBURBANO de Três Corações e VACA NOISE, grupo de noise grind (se posso falar desta forma) de amigas como Sabrina, Carolina, Dorinha e Fatinha, também de Lavras. Elas não eram anarco-punks, mas vale aqui o registro.
Foi com este grupo que se fizeram vários encontros como o 1° e 2° PUNK UAI, de música e cultura punks do Sul de Minas. Durou pouco tempo, como os grupos devem ser, mas deixou marcas históricas na vida de cada um que paticipou, inclusive da minha.
Foi um espaço de discussões, manifestações e protestos, além da divulgação do ideal anarquista. Tempo que não se perdeu por se passarem quase 20 anos, mas se concretizou nas ações que cada um escolheu para continuar suas vidas.


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Um comentário:

Rômulo Gianasi disse...

Grande Vitinho.... continuando sua luta pelos ideais que acredita: Um mundo mais justo e mais livre! Bela resenha de uma das autoridades mais distintas sobre o assunto! Parabéns Vitinho!