domingo, 8 de fevereiro de 2015

POLÍTICA DO COTIDIANO: É POSSÍVEL ?

Por Vitor Reis - Editor do Decibeis Alternativos Blog

Quem, hoje em dia, não se indigna com as manchetes dos jornais relacionadas à politica? Quem não sente-se enojado, ou até mesmo, revoltado - e revolta NÃO é algo ruim, dependendo de como "se revolta" - com os casos de corrupção, favorecimento financeiro à grupos específicos, propinas, peculatos, enfim... são demasiados os fatos que nos chegam aos olhos e ouvidos diariamente, corroborando com a ideia da falência do sistema politico-partidário e seu modo-operandi.
Mas... quem faz algo para mudar isso ??? Ultimamente, esta é uma pergunta que não me sai da cabeça !
Seja nas ruas, nos bares, nos ponto de ônibus, e principalmente, nas redes sociais, as palavras de ordem e de indignação estão sempre presentes, como uma música que gruda na cabeça, como um bordão de comediante, que nos faz rir, até desmascarar a tragédia a que nos encontramos: uma sociedade que se encontra com  demasiados problemas de ordem social e econômica, além da ecológica (água, energia, desmatamento,etc) que coloca uma importante questão a se pensar: Até quando ? Até quando suportaremos tudo o que é empurrado de cima para baixo, falindo nossa "jovem democracia" e cimentando o jazigo de nossa esperança?
 Muitos vão dizer que: 
-  "Esperança ? !? Já não há isso para nosso país"... 
Se encontram descrentes de que se possa ser feito algo a mais, de que um dia a situação que nos encontramos possa mudar, descrentes de que o amanha pode ser melhor que hoje...
Outros dirão:
- "Em nossas mãos está nosso destino!"*
Certa dose de otimismo,talvez ingenuidade, que reflete em uma voz ativa contra as mazelas que presenciamos.
Pois bem !!  São posicionamentos diante das questões que estou escrevendo aqui. E que, cada vez mais, como relatei acima, estão nas ruas e também na internet. E mais uma vez pergunto:
Quem faz algo para mudar esta situação?
Este é  meu maior questionamento, decerto angustiante, quanto as centenas de posts que vejo diariamente na internet ou as dezenas de comentários que escuto nas ruas. Porque, como diz meu velho pai: - "falar é muito fácil" e escrever, como estou fazendo, também. Mas deve haver algum antidoto para todo esse marasmo politico e este falatório indiscriminado - para que realmente haja um objetivo concreto - e que possa ser realizado,pois toda teoria necessita de uma práxis para que possa ser útil aos nossos desejos e anseios.
E a política está muito além do voto. Ela é presente em nossa vida cotidiana, em nossas casas, em nossa comunidade, no trabalho, nas relações com os amigos e com as pessoas em geral. Ela é partidária, mas também é cotidiana, pois o próprio ato de nos comunicarmos e nos portarmos "desda ou daquela maneira" já é um fator politico. E politizante. E também deve pertencer ao povo. Noam Chomsky, renomado linguista e escritor, diz em seu livro "Para Entender o Poder",em respeito das mudanças ocorridas na America do Norte, nos anos 60, que: "(...) Os verdadeiros agentes de mudanças eram pessoas trabalhando nas camadas populares, como ativistas (...)."


Ou seja: A politica também pode ser feita por pessoas simples, que estão nas ruas, as mesmas que comentam todos os fatos que as indignam, mas com um diferença: Sabem sair das amarras das quais estão inertes, ao qual só a boca fala - e os dedos teclam - e tudo termina. Satisfação pela palavra. A psicanalise explica...
Mas a questão é: Como nos movimentamos ? Como sair do "Mito da Caverna Platônico" ao qual estamos inseridos ?? E mais importante... Desejamos isso ? Ou basta a próxima festa para nossa inércia - ou pior - nossa entropia social nos bastar ?
Rosa Luxembrugo, a revolucionária polonesa assassinada por seguidores de Adolph Hitler, dizia: -"Quem não se movimenta não sente as correntes que o prendem!".
Acho esta frase muito oportuna para o que estou escrevendo, uma vez que a "entropia social" a que estamos presos apenas se rende a alguns posts de internet e consciência tranquila. E creio que seja esta a equação para o equilíbrio e a iniciação da nossa politica cotidiana. A consciência de que estamos "presos" à um sistema que gera miserabilidade, corrupção e alienação, e a tentativa de superação desta situação, bem como o foco no desejo de compreender a situação ao qual chegamos - e novamente - superá-la.
Enfim... para se fazer politica do cotidiano, há a necessidade de se entender como agente politico. Para isso, não basta apenas votar de quatro em quatro anos. Existe mais a ser feito. Grêmios estudantis, Conselhos Populares, Movimentos Sociais, ONGs e suas diversas causas, Conselhos Comunitários e de direitos das Crianças, Adolescentes e Idosos, bem como a participação ativa em manifestações são alguns tipos de modo-operandi que possuímos para realizar nossa práxis politica. Isso demanda trabalho, estudo, organização, consciência de classe e também amor, para que nossa nação possa sair desta situação a que chegou. E, mesmo que eu esteja sendo impertinente, pergunto:
Você quer quebrar as correntes ?