Por Vitor Reis - Editor do Decibéis Alternativos Blog
O movimento Riot Grrrl surgiu nos anos 90 como uma proposta de engajamento politico de garotas dentro da cena Punk Rock/HardCore e do rock alternativo, desde sempre dominada por homens. Não dá pra negar que a sonoridade do HardCore é agressiva e por vezes, violenta - dentro de suas temáticas politicas e de vivências cotidianas - o que fez deste gênero musical ser quase apenas um nicho masculino. Obviamente, existem exceções, e dentre elas posso citar que nos primeiros anos do movimento punk, garotas como Siouxie Sioux e Deborah Harry eram vocalistas de suas respectivas bandas. Já nos anos 80, Kira Roessler assumiu o contrabaixo do Black Flag de Henry Rollins. Porém, pediu demissão por divergências envolvendo o "machismo predominante" na banda, segundo ela relatou no documentário "American Hardcore". Kira disse que não havia sentido ela "estar em uma banda que odiavam as mulheres(sic)."
Desta mesma época, no Brasil, as Mercenárias são o exemplo mais latente de bandas envolvendo mulheres e, um pouco mais tarde, nos anos 90; Dominatrix, Toxoplasmose e Bulimia entre outras estariam levando a bandeira das feministas do underground, se posso me expressar assim.
Kira Roessler do Black Flag - A primeira Riot Grrrl ??
DOMINATRIX
L7
Mas e o movimento Riot Girrrl ? Como escrevi antes, ele surgiu nos anos 90 através do ativismo politico e artístico de mulheres como Kathleen Hanna (Bikini Kill), Kim Gordon(Sonic Youth), Kim Deal (The Breeders) e todas as garotas do L7, entre outras bandas e grupos/coletivos.
E o que elas queriam ? Uma vez que o Punk Rock tem por base ideológica a manifestação de idéias e de questionamentos sobre as questões políticas que envolvem as pessoas, estas meninas queriam lutar pelos seus direitos. Direito de ter igualdade perante ao homem, de defender sua liberdade sexual, de não se submeter diante ao machismo, do anti-sexismo (logicamente) e também de viver a vida por suas convicções. Nada mais coerente do que esta cena nascer das entranhas do hardcore, uma vez que a maioria dos elementos libertários da música radical está envolvida com a cena H.C., ou pelo menos deveria estar.
E o movimento, que traz angustias e esperanças destas mulheres, se espalhou pelo globo. Dos E.U.A até o Brasil, passando pelas Pussy Riots da Russia, as Riot Grrrls estão provando que além de existirem, ainda resistem por seus ideias !!
COLETÂNEA "MORE MUSIC LESS MACHO"
Provando que a cena Riot Grrrl está mais viva do que nunca - e provocando os machistas de plantão - um coletivo de garotas da Alemanha resolveu lançar a Coletânea "More Music Less Macho", com o objetivo de divulgar as bandas atuais. E o melhor é que o download é gratuito !!
Esta compilação traz bandas bem distintas entre sí, e posso destacar o som ambiente de Abstract Random e o punk quase gótico da banda Baby Fire. Porém, meu maior destaque vai para as paulistas do Anti-Corpos e seu hardcore simples, gritado e de fazer a roda de pogo pegar fogo. No mais, são mais de 40 músicas divididas em 2 downloads. Não poderia deixar de comentar o grande cover das Ramonas para "Blitzkrieg Bop" dos quatro cabeludos punks do Queens. Não perca tempo e faça o download !!!