Primeiramente, gostaria de esclarecer que este texto dará nome aos bois, como poderia de se esperar do título, bem ao modo de um texto com influências punks ou alternativas. Busco aqui, também fazer uma reflexão do tema, e apontar alguns de meus pensamentos sobre este instigante assunto.
O rock and roll sempre foi ligado à grande indústria... Seja ela fonográfica ou cinematográfica, as origens mercadológicas deste estilo musical sempre corroboraram pela mercantilização de uma rebeldia vendável, que fosse atribuída ao sistema de modo cômodo. É claro que o rock and roll surge nos anos 50 do século vinte como um filho mestiço do blues negro e do country branco norte americano, o que por si só já daria uma tese sobre o tema, pois como seria possível conciliar dois gêneros distintos da terra do “bravos colonizadores” de tio Sam ?? Somente a libido e a necessidade evolutiva da boa musica podem explicar, em uma genealogia que considero extraordinária.
O fato de estar ligado à indústria não quer dizer que a rebeldia seja estéril ou sem sentido... Elvis Presley era um aríete no palco, e deu trabalho em suas performances, mas acabou por ficar á mercê se sua lenda e de sues filmes. Os Beatles começaram ingênuos e terminaram por declarar, na figura mítica de John Winston Lennon, que o sonho tinha acabado. E os Rolling Stones... bom, os Rolling Stones não estavam nem aí com nada, a não ser que ganhassem dinheiro. E mulheres. E outras coisas mais. E pronto. Em poucas linhas acabam cinqüenta anos de história de um estilo que fez barulho ?? Creio que não....
Mesmo que o rock and roll fosse (e foi) assimilado por uma indústria cultural que apenas pretendesse (e pretende) vender produtos, sempre vai haver um lado B da história... Músicos endiabrados e enlouquecidos como Gene Vincent, Duanne Eddy e grupos como The Troggs vão estar nas garagens da memória e se substancializarão nos moleques da atualidade que sentem vontade de fazer barulho... e na evolução da espécie musical, o mais inventivo vence... os outros, digamos rockstars, ganham dinheiro e fama... que se deixe pra lá...
Taí que o rock alternativo é praticado pelo lado B dessa estória, e nem sempre é bem compreendido, e talvez nem queira... penso que o marco zero disso tudo esta no movimento punk e na sua ânsia por destruir tudo e todos, e acabou por quase destruir à si mesmo, se não fosse o posteriormente o hardcore tomar as rédeas e surgir alternativas como o straight edge punk e a aglutinação da musica de três acordes aos esportes radicais, á política de esquerda radical, ao sentimento de pertencimento á algum lugar no mundo – e é maravilhoso você, aos quinze anos de idade, saber que não é o único á usar tênis velho, calça rasgada e camiseta dos Ramones perambulando pelas ruas da cidade procurando á si mesmo. De repente, surgem amigos na mesma condição, ou seja, aqueles caras que cresceram jogando atari com você estão prestes á montar uma banda. Moleques simples, sem nenhuma pretensão, que apenas querem tocar o bom e velho rock and roll investido de outras cores e outra temática... é necessária uma boa dose de utopia e de descenso comum para recriar isso tudo dentro da musica, e é claro, ouvir as mesmas patetices de quem não entende nada: “São um bando de vagabundos “ , “isso aí é só barulho” , “não vai dar em nada”. E na boa, que não dê em nada mesmo !!!! O sublime esta em gastar poucas horas por um divertimento que te dê algum sentido da púbere existência, e que você vai levar contigo pra vida toda. Eu passei dos trinta e escuto os mesmo discos com a mesma emoção e estes continuam á ser relevantes... É engraçado pensar que as fitas cassetes que eu gravava há uns dezessete anos atrás podem ser aposentadas com o bendito mp3, e por meio da internet, encontrar bandas do outro lado do planeta em poucos minutos de descarga de ficheiros!!! E além disso, poder conversar via net com os próprios autores das musicas!!
A tecnologia esta democratizando o mundo da música, encurtando a distancia do palco e da platéia, fazendo com que pessoas comuns produzam sua arte, seja musical ou poética, e eu me arrisco a dizer que não necessitamos mais de rockstars!!! Pra que toda esse cômoda alienação e tietagem se podemos nós mesmos fazer nossa produção alternativa ?? Tudo a ver com o que feito nos anos 70, naquela linha do tempo em que chamamos de movimento punk e de D.I.Y. ou faça-voce-mesmo... como se dizia por aí, “nada se cria, tudo se copia...” mas um passo para a evolução está na apropriação da cultura pelos próprios envolvidos.
Creio que é saudável, de tempos em tempos, a música se reestruturar de modo diferente e digno, longe dos refrigerantes, das calças justas e da mesmice que é imposta com a moda, seja lá como for que ela venha. Ainda devemos estar no controle daquilo que queremos para nossas vidas. Pode ser um sonho, apenas palavras, dirão alguns. Outros mais radicais ficarão revoltados com este texto, talvez ate me censurem por magoar as prima-donas do rock clássico, mas estes mesmos sabem que é necessário um tumulto para que as coisas fiquem em seus devidos lugares. Se não, gostaria de encontrar a máquina do tempo de Sir H.G. Wells e voltar no espaço tempo para os idos de 1992, precisamente quando escutei Ramones pela primeira vez... hey Ho! Let´s Go!! Naquele dia, descobri que nunca mais iria acreditar em rockstars... Aliás, pra que é que lês servem mesmo ???
P.S. A foto que ilustra o texto é dos Dead Kennedys, em sua formação clássica e em foto hilária. Sempre irreverente, caústica e crítica, tanto com a música comercial quanto ao próprio underground!!!